terça-feira, julho 22, 2008

No seguimento da Profissão dos Pais

in Jornal das Meirinhas Julho

A escolha deste tema não acontece por acaso. Com a actual conjuntura económico-social, o seguimento da profissão dos pais é o ponto de partida “mais à mão” para os jovens dos dias de hoje.

Fala-se da falta de empreendedorismo, de ambição e de competitividade, das dificuldades percebidas no recurso ao crédito, entre tantas outras coisas, que agora somos, também, uma geração “à rasca”.

Tanto os jovens recém-licenciados, como os outros que, por qualquer motivo, não continuaram os estudos, podem se afirmar na criação do seu próprio emprego. Mas será que vale a pena? Para quê criar um abrigo próprio sem perspectivas de futuro, para combater o desemprego por opção pessoal, quando ainda se está debaixo da asa dos pais? Mais, se trabalharmos com eles, juntamos sinergias e adquirimos competências únicas, sempre debaixo do telhado da família.

Enquanto jovem, há perguntas que me atormentam e me deixam numa letargia apática. Investir em quê? Para quem? Será a boa altura para investirmos em nós, completamente desamparados, no futuro que está a ser desenhado? Se tivesse respostas para estas perguntas teria a resposta para o segredo do sucesso, ou para a galinha dos ovos de ouro, mas não tenho.

Pois bem, o que penso é que ninguém investe sem retorno e hoje em dia perder está mais caro que nunca. Logo, seguir uma profissão no seio familiar será a pisada mais acertada a dar, menos cara do ponto de vista estratégico, na qual passámos a nossa juventude a encarar a responsabilização, do negócio quotidiano, ou profissão. Será mais difícil encarar esta realidade como solução, face ao peso de suporte de trabalhar para a família e para o bem comum? Uma Empresa não é como uma família?

Segundo a minha análise, acredito que os pequenos negócios familiares florescem na nossa sociedade. As PME’s representam a grande parte da fatia do bolo da estrutura física do mercado, mas não da economia global. Nos próximos anos a própria crise irá corroer empresas, com problemas de falta de gestão, da inércia e falta de visão estratégica, que não apostam noutro tipo de capital humano. Vão-se destacar aquelas que passaram gerações numa luta contínua e na aposta das sucessões com capacidades e competências adquiridas, muito contrárias às que fracassam.
As pessoas recém-licenciadas, que possuem currículos empreendedores, podem mostrar uma cultura participativa, um dinamismo considerável e devem merecer confiança para renovar as pessoas que estão esgotadas, enquanto profissionais, para criar mais e melhor turnover nas empresas.

Por isso afirmo, nos tempos que correm, que aqueles que ajudam os pais têm garantido um futuro promissor, que deve ser desempenhado com mais e melhor profissionalismo por força do saber adquirido. Como os Activos Humanos são o motor da Organização, será com positivismo que se enfrentarão novos desafios, nem que seja no seguimento da profissão dos pais.

Patrício Gaspar